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A intangibilidade da velha imprensa
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A tradicional imprensa brasileira mantém o discurso de que a regulação da mídia pode provocar uma censura aos meios de comunicação; diz-se extremamente democrática e travaria um confronto acirrado contra as forças do governo e contra as organizações civis que lutam pela Lei de Meios. A imprensa brasileira, nascida de decaídas oligarquias, não pretende, na verdade, é perder sua condição hegemônica. Escondida sob um discurso falso e dissimulado de proteção à democracia, tudo o que ela menos quer é ser democrática. Neste país de leis que são temidas e engavetadas antes de serem discutidas, a imprensa sempre antecipa o recado da aprovação ou da desaprovação. Discutir a democratização da comunicação? Jamais.
A Rede Globo é o maior império de comunicação do Brasil, o maior da América Latina, um dos maiores do mundo. Entretanto, vinga de uma concessão pública sobre a qual não se pode sequer tecer um comentário. No Brasil, é tabu falar sobre as concessões públicas dos meios de comunicação. Talvez cause incômodo o monopólio da televisão; ou porque seus donos detêm uma parcela significativa (e centralizadora) das riquezas do país; pode ser porque perseguem os meios de comunicação mais simples e determinem sua posição hegemônica com ferocidade. Então não custa lembrar que o brasileiro está sendo vilipendiado dia após dia quando é obrigado a consumir, por exemplo, um cartel de notícias.
Enquanto não se discute a Lei de Meios e não se pensa em democratizar a comunicação, as pessoas têm procurado fontes alternativas para se informar. A palavra alternativa adquire aqui o sentido puríssimo de sua etimologia porque os novos meios concedem ao individuo a possibilidade de escolha ou opção. Naturalmente esta escolha se assoma a uma nova perspectiva. O desempenho dos meios tradicionais não é mais o mesmo diante das novas tecnologias; a publicidade começa a debandar, não há mais perspectivas de inovação se o jornal, por exemplo, insiste em manter-se conservador, arbitrário e dissimula uma imparcialidade que nunca existiu.
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Democracia. Esta é uma palavra que não se aplica aos meios de comunicação tradicionais deste país. Foram eles, em sua maioria, os suportes para a manutenção do regime militar (1964-1985); alguns andaram de braços dados com que se dizia ser uma revolução; prestaram um serviço sujo aos militares que derrubaram o presidente João Goulart através de um golpe de Estado. Alguns deles hoje levantam a bandeira dos paladinos da ética, depois de um mea culpa dissimulado. Outros sequer fizeram referência à sua participação neste movimento golpista. E assim, sobrevivem rejeitando tudo aquilo que é moderno, novo, igualitário e que pode representar uma ameaça ao seu sistema de monopólio e poder.
O governo brasileiro se acovardou. Não colocou em discussão a Lei de Meios, teme a reação da velha imprensa e das represálias que pode sofrer. Dilma parece não ter a mesma coragem de Cristina Kirchner que enfrentou o monopólio da imprensa na Argentina, sobretudo do grupo Clarín. Aqui a presidente da República é encurralada a não discursar no 1º de maio, enquanto Kirchner discursa quantas vezes achar necessário na TV argentina. São dois paralelos de uma mesma problemática: se Dilma não colocar em discussão, através do inerte ministro Ricardo Berzoini, a Lei de Meios continuará divagando no âmbito das ideias. Não há nada de censura em sua aprovação, mas antes precisamos discutir. O Brasil precisa urgentemente destituir da velha imprensa a sua intangibilidade.
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Fonte: Nossa Política
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Código do Artigo: MR1806151
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